O formando do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFFS – Campus Cerro Largo, Maurício Hamerski, está desenvolvendo uma garrafa LED, que é um purificador de água portátil com sistema de LED UV e filtro de carvão portátil. A ideia é que, por meio da fotólise, ou seja, da quebra dos compostos provocada pela luz, a água seja desinfetada, pois altera-se o DNA dos microrganismos sem alterar as características físico-químicas da água ou sem acrescentar substâncias a ela. A concretização da sua ideia, que iniciou com seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), e o desenvolvimento do protótipo recebeu o apoio do programa Academic Working Capital (AWC), do Instituto TIM.
De janeiro a julho, focou-se no usuário (público-alvo) e na metade do ano pra cá, entramos na parte da prototipação. Juntamos todas as informações que pesquisamos e começamos a desenvolver o produto”, relata o aluno. Maurício foi o único representante do Rio Grande do Sul a fazer parte do projeto dentre 28 grupos de estudantes de Engenharia do Brasil todo.
Para o coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Campus, Bruno Wenzel, o diferencial do trabalho de Maurício foi “conseguir aliar a parte científica, que é gerar conhecimento e ciência, e transformá-la em algo útil para a sociedade. Esse é o fundamento de qualquer engenheiro. Ele se destacou porque não perdeu o link da aplicabilidade”, explica.
A garrafa LED comporta, no modelo atual, 600 ml de água. As lâmpadas de LED ficam no centro da garrafa e, na parte superior, está localizada um filtro de carvão para purificação da água. Assim, o carvão filtra as impurezas e as lâmpadas fazem a inativação das bactérias. Essas lâmpadas, segundo Maurício, são muito específicas, pois devem ter um comprimento de onda determinado para a inativação dos coliforme, que é de UVC 254 namômetros. O TCC de Maurício, intitulado “Estudo da eficiência de inativação de patógenos presentes em um manancial urbano através da fotólise”, orientado pelo professor Diego Ricieri Manenti, estudou a eficiência de lâmpadas na inativação de coliformes presentes em uma amostra de água do Arroio Clarimundo, de Cerro Largo.
Foram encontrados 240 mil unidades de coliformes a cada 100 ml de água. “Nos testes que realizamos por meio da fotólise, os coliformes caíram em 96%”, revela o estudante. Os testes, realizados no Laboratório de Águas do Campus Cerro Largo, analisaram um litro de água em um fotorreator com três lâmpadas de 250 watts, durante 10 horas. O Arroio Clarimundo, segundo o TCC, possui uma grande carga de microrganismos em seu leito. “Este arroio corta uma grande parte da cidade de Cerro Largo e, em alguns lugares, a característica de suas águas pode afetar a qualidade de vida da população, visto que existem muitas pessoas com residência próxima às margens do arroio”, diz o estudo.
O processo de fotólise tem várias vantagens pois é uma tecnologia limpa, não é necessário o uso de produtos químicos e não oferece riscos durante o manuseio, já que não gera resíduos tóxicos e é de fácil implementação e manutenção. Maurício apresentou seu trabalho para a banca no dia 16 de dezembro.