Sem conseguir avançar no processo de recuperação judicial iniciado em 2015 e com R$ 224 milhões, a empresa Giovelli de Guarani das Missões, teve sua falência decretada. De acordo com o advogado Luciano José Giongo, do escritório Andreatta & Giongo Consultores Associados, administrador judicial, a maior preocupação agora é manter os 108 trabalhadores ainda atuantes.
A empresa destaca, no entanto, que a dívida total alcançava R$ 451 milhões e já foi reduzida significativamente, já tendo sido pagos mais de R$ 200 milhões, especialmente aos aos pequenos produtores que tinham créditos de até R$ 30 mil. Hoje, ainda restariam cerca de 350 agricultores esperando valores, segundo o administrador judicial.
O débito da Giovelli ultrapassa R$ 224 milhões e de acordo a juíza Alice Alecrim Bechara, “sequer tem atividade empresarial para adimplir os débitos de sua atividade mensal”. No documento publicado no dia 9 de novembro, a juíza pondera, ainda, que “não existe a menor possibilidade de a empresa se recuperar, salientando que os prejuízos se mostram estratosféricos e vêm se avolumando gradativamente”.
Em ritmo de espera também estão muitos produtores rurais a quem a empresa deixou de pagar nos últimos meses as parcelas acordadas no processo de recuperação. A Giovelli operava com o processamento, além de soja, também de linhaça, canola e girassol, mas apenas neste ano registrou mais de R$ 7 milhões em prejuízos.
A empresa conta com unidades em diferentes cidades do noroeste gaúcho, com em São Luiz Gonzaga, onde possui uma unidade de recebimento de grãos com área de 9,7 mil metros quadrados, além de benfeitorias, e capacidade de armazenagem de 21 mil toneladas. O local, porém, está em alienação fiduciária para a Nidera Sementes Ltda, credora da empresa, e é avaliado em cerca de R$ 10 milhões. Há unidades ainda em Santo Antônio das Missões e Cerro Largo.
“Tentaremos, primeiramente, um arrendamento do parque industrial da Giovelli para poder manter os funcionários. É um das maiores processadoras de óleo e derivados do Estado, com equipamentos praticamente novos, como caldeiras. Basicamente, a empresa se endividou demais para investir e faltou capital de giro”, diz Giongo.
Agricultores que depositaram ou comercializaram grãos com a empresa também esperam pela retomada dos pagamentos. Em acordo firmado em 2017, a Giovelli havia se comprometido a quitar em parcelas de R$ 5 mil esses débitos, somando um débito recente de cerca de R$ 1,5 milhão.
A paralisação total da fábrica ocorreu entre os meses de dezembro de 2019, janeiro e fevereiro de 2020, com a retomada das atividades no mês de março para o processamento de grãos por apenas seis dias, de acordo com o processo de falência, seguidos de 16 dias no mês de abril. Depois, foi registrada nova paralisação total em maio e operação por apenas 8 dias em junho e 17 dias em julho de 2020, o que gerou a demissão de diversos empregados.
Ainda segundo o processo, com tudo isso, a empresa continuou a acumular prejuízos significativos mensalmente e atingiu o valor de R$ 7.093.849,18 somente no ano de 2020 - ou seja, mais de um milhão de reais de prejuízo por mês.