Dono de uma paisagem cultural de altos valores patrimoniais e ambientais, o território das Missões Jesuíticas dos Guarani, no Brasil, foi escolhido para sediar o primeiro Seminário Internacional de Boas Práticas em Gestão de Paisagens, Parques Históricos e Culturais, entre os dias 5 e 9 de dezembro, na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) - Campus Santo Ângelo;
O evento reunirá gestores de sítios reconhecidos mundialmente para aprofundar as discussões e o conhecimento sobre boas práticas na gestão territorial de paisagens, parques históricos e culturais. Promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com o Instituto Andaluz do Patrimônio Histórico (IAPH), Universidade Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), com o apoio da Associação dos Municípios das Missões (AMM) e Fundação dos Municípios das Missões (Funmissões), o seminário tem vagas limitadas e busca debater, apresentar e possibilitar a troca de experiências de casos de boas práticas na gestão do Patrimônio Cultural, e nas políticas públicas relacionadas ao tratamento da paisagem cultural, de parques históricos e culturais que, dentro de uma perspectiva territorial, contribuam para a consolidação do Parque Histórico Nacional das Missões.
O seminário tem como público alvo gestores de Parques Históricos e Culturais e sítios protegidos pelo Iphan – declarados tanto como Patrimônio Nacional e Mundial e integrantes da lista indicativa brasileira –, agentes públicos envolvidos com a preservação patrimonial, representantes da sociedade civil com interface de atuação na área de abrangência territorial da Região das Missões, profissionais da área de patrimônio cultural e ambiental, acadêmicos envolvidos com a temática do patrimônio cultural e ambiental e estudantes universitários.
A programação prevê a realização de visitas aos sítios arqueológicos de São João Batista, São Lourenço Mártir e São Miguel Arcanjo, além de palestras, conferências, e estudos de casos. Entre os temas abordados estarão os modelos para a proteção e gestão da Paisagem Cultural na Europa e no âmbito anglo-saxão; a experiência espanhola; gestão integrada dos sítios e paisagens culturais em Portugal (Parque Arqueológico do Vale do Côa), no Reino Unido (English Heritage Trust) e nos Estados Unidos da América (National Park Service); além da Colômbia com a Paisagem Cultural Cafetero; México com a Paisagem agavera e as antigas instalações industriais de tequila; Peru com a Cidade Sagrada de Caral-Supe; e a gestão da Paisagem Cultural no Brasil e dos Parques Históricos Nacionais.
O Parque Histórico Nacional das Missões foi criado em 2009, por meio do Decreto nº 6.844, reunindo os sítios arqueológicos missioneiros de São Miguel Arcanjo (localizado no município de São Miguel das Missões), de São Lourenço Mártir (em São Luiz Gonzaga), de São Nicolau (em São Nicolau), e o de São João Batista (em Entre-Ijuís). O Sítio Histórico de São Miguel Arcanjo ou São Miguel - Tombado como Patrimônio Nacional, em 1938, e declarado Patrimônio Cultural Mundial, pela Unesco, em 1983, era um dos povoados que pertenciam as reduções jesuíticas-guarani, que formava com seis outras, os chamados Sete Povos das Missões que, hoje, localizam-se em território brasileiro.
As reduções eram povoados implantados em território originalmente ocupado por indígenas durante o processo de evangelização promovido pela Companhia de Jesus nas colônias da coroa espanhola na América, durante os séculos XVII e XVIII, representam importante testemunho da ocupação sistematizada do território, e das relações culturais que se estabeleceram entre os povos nativos, na maioria do grupo étnico Guarani, e missionários jesuítas europeus. A “Província Jesuítica do Paraguai”, que compreendia um sistema de relações espaciais, econômicas, sociais e culturais singulares, conformada à época por 30 povoados, chamados de reduções, o qual incluía ainda estâncias, ervais, redes de caminhos e vias fluviais estendidas pela bacia do Rio Uruguai e de seus afluentes, abrangia uma extensa área da América Meridional, correspondente, nos dias atuais, a regiões do Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.